É um prazer fazer parte disto
- Alan Pinheiro
- 23 de set. de 2022
- 2 min de leitura
O relógio marcava 16 horas, horário que a partida começou. Eu estava atrasado e esperando a minha vez na fila das catracas. Minhas mãos encharcadas de suor dificultavam desenhar a senha do celular. Era nítido o meu nervosismo com esse jogo, já que aqueles noventa minutos iriam decidir o final da jornada do rubro negro baiano no ano ou se estávamos a um passo do objetivo final. Foi em meio a esse relato que, no dia 18 de setembro de 2022, Vitória e Figueirense se enfrentaram pela terceira divisão do campeonato brasileiro.
Descer as escadas do Barradão com a torcida cantando é sempre uma experiência emocionante, a cada passo dado em direção às arquibancadas me sentia cada vez mais emocionado. E eram 22 mil pessoas gritando juntas, assim como um time, e apoiando a cada toque na bola que o time completava, mas por trás de todas essas vozes, todos estavam ansiosos e preocupados. Assim como eu. Só que aos 36 minutos do primeiro tempo, Rafinha passou por dois marcadores e rolou para Tréllez, que só precisou completar para abrir o placar. Com o toque da bola na rede, o Manoel Barradas explodiu com os gritos de gol que foram liberados da garganta dos torcedores e com os pulos de êxtase e felicidade. Até tentei resistir, mas em meio a minha comemoração, as lágrimas decidiram escapar em massa pelos meus olhos. Mesmo passados alguns minutos, ainda estavam no meu rosto, teimando em cessar essa rebelião.

A chuva que caiu dos céus de Salvador se juntou ao apito do árbitro para marcar o que foi a penúltima rodada da segunda fase. A torcida então comemorou de novo e mais uma vez me encontrava chorando, a emoção tinha me feito voltar a ser criança. A ansiedade, o nervosismo, a alegria e o alívio tomaram conta do meu corpo. Pude viver todos esses sentimentos em pouco mais de duas horas. Talvez essa não tenha sido a melhor partida, mas com certeza foi o melhor momento que vivenciei dentro do Barradão.
Já no caminho de volta para casa, um pensamento tomou conta da minha cabeça. “O que eu seria sem o Vitória?”. Certamente a maioria dos torcedores já devem ter se perguntado a mesma coisa ao menos uma vez em suas vidas, seja após momentos de raiva e decepção ou seja depois de ganhar uma partida ou conquistar algo importante. O Vitória me deu inúmeras felicidades, me fez sonhar, sorrir, cantar, chorar e sofrer. É o time que mais amo e aquele que mais odeio. Com ele, me sinto quase como em um casamento, mas nunca houve um pedido, pois ele apenas apareceu e se juntou a mim, muitas vezes me dando propósito e me ensinando mais uma forma de amar. Por isso, é muito complexo responder esse questionamento.
Esse clube já é parte de quem eu sou e sem ele seria uma pessoa completamente diferente. Agradeço profundamente ao destino por ter me feito torcer para a equipe certa. Portanto, obrigado Vitória. Obrigado por moldar o meu caráter. Obrigado por me proporcionar felicidade mesmo nos dias mais árduos. Obrigado por me dar uma camisa para vestir e um símbolo para defender. Obrigado por se tornar meu significado de amor e obrigado por trazer orgulho quando bato no peito e digo que eu sou Vitória.
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